
Essa mesma modernidade poderia muito bem – e acredito que isto acontecerá em breve – naturalizar alguns comportamentos ainda considerados absurdos por uma sociedade que, em muitos aspectos, insiste irritantemente em manter-se conservadora.
Isto é realmente típico da sociedade pseudo moralista na qual estamos inseridas, em que qualquer bizarrice desumana é aceita desde que feita debaixo dos panos, mas os comportamentos humanos mais naturais – como, por exemplo, transar – são demonizados quando em evidência.
Felizmente, o que se vê é uma tendência cada vez maior em tornar naturais e aceitáveis tais comportamentos, tal qual deve ser; estamos a alguns passos do dia em que cada hipócrita na face da terra será obrigado a deixar sua máscara cair. Caminhamos – sendo otimista como costumo ser – para um futuro em que o corpo deixará de ser cultuado apenas em revistas masculinas e as pessoas compreenderão que exibi-lo como bem entendermos – ou não – é um direito que nos assiste.
Entretanto, numa visão talvez cafona e até obsoleta, acredito que toda essa facilidade tende a influenciar – e negativamente – nas conquistas. É que, nos relacionamentos modernos, tornou-se prática corriqueira “queimar” algumas fases da conquista que julgo indispensáveis: As pessoas já começam a se conhecer demonstrando escancaradamente suas terceiras intenções; afinal, são livres para isto. Começa-se a conversar e, em alguns minutos, o papo já se converteu em algo absolutamente sexual. Uma espécie de pseudointimidade flui de uma maneira vertiginosa e assustadora.
Troca-se fotos eróticas ou em poses ginecológicas antes mesmo do primeiro encontro; mostra-se o que deveria estar oculto – não por moralismo ou falta de liberdade sexual – mas para manter aquele mistério que, ao menos para esta alma talvez ultrapassada, é o grande barato de conquistar ou ser conquistado. Não que devamos nos esconder, mas, sem dúvida, certo mistério faria bem – não em nome da moral e dos bons costumes – mas apenas para irmos nos descobrindo gradativamente e nos momentos certos.
Acredito que a sensualidade de outrora era delirante porque tinha um mistério que já se perdeu, e, lamentavelmente, talvez jamais seja recuperado. O corpo não era visto: era imaginado, com uma intensidade imensurável. Os desejos não eram ditos: supunha-se, e consigo imaginar o quanto isso era infinitamente mais forte do que as toneladas de putaria que se diz nas “paqueras” modernas. Pode parecer papo de avó – e, acredite, eu não tenho medo de que o pareça – mas esconder-se pode ser muito mais afrodisíaco do que exibir-se, talvez mais do que nós – adeptos da conquista moderna e do “ninguém é de ninguém” – ousamos supor.
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